quinta-feira, 18 de junho de 2009

Resíduos e Recursos Naturais | problema e solução

Quando falamos de problemas ambientais a primeira ideia que nos vem à cabeça são painéis solares e turbinas eólicas. Pensamos nós, que quando produzirmos 100% da nossa electricidade através de fontes renováveis não teremos mais problemas. Raramente se fala na enorme quantidade de resíduos que produzimos e no esgotamento quase total que estamos a provocar a uma variedade de recursos naturais, recursos esses dos quais dependemos para sobreviver. A água será provavelmente o exemplo mais mediático. As campanhas que sensibilizam para a reciclagem são dos poucos focos que sensibilizam para esta temática. Mas não nos podemos esquecer que o primeiro dos 3R (reduzir, reutilizar e reciclar) não é reciclar, aliás esse é mesmo o último.

A reciclagem é um passo fundamental para a sustentabilidade futura do planeta mas só resultará se for acompanhada pelos outros dois passos (reduzir e reutilizar) e se a conseguirmos aplicar à totalidade de resíduos que produzimos. Porque os recursos naturais não são infinitos, temos de explorá-los a um ritmo que permita a sua regeneração e perceber a importância de criar um ciclo que conceba a sua reutilização e reciclagem um sem número de vezes. No meu entender, uma gestão sustentável neste campo é quando simplesmente não necessitarmos dos contentores convencionais. Quando 0% dos nossos resíduos forem encaminhados para um aterro porque a sua totalidade foi para centros de tratamento e reciclagem. É uma meta ambiciosa e mas temos de lutar por ela. O primeiro passo é reduzir ao máximo o volume de resíduos que produzimos e isso faz-se com pequenas atitudes como comprar embalagens maiores do que um conjunto de embalagens menores (por exemplo comprar uma garrafa de 2L de Coca-Cola invés de 6 latas de 0,33L). O segundo passo é reutilizar o nosso lixo, reduzindo ainda mais o total a ser tratado e reciclado, algo também alcançável com pequenos passos como aproveitar as embalagens para futuras utilizações (encher as garrafas de água com água corrente invés de adquirir mais água engarrafada ou aproveitar boiões de vidro para fazer pequenos vasos). Por fim, todo o lixo restante seria encaminhado para tratamento e reciclagem. Agrada-me o facto de ver que cada vez mais resíduos podem ser tratados e reciclados (por exemplo a expansão da reciclagem de óleos alimentares, tinteiros, telemóveis, radiografias, etc.). Acredito nesta expansão e numa eficiência cada vez maior no processo de reciclagem. Os ecopontos têm de se actualizar para estarem preparados para receberem um conjunto cada vez mais alargado de resíduos e a sensibilização tem ser cada vez maior.

De seguida apresento dois exemplos de uma estratégia a seguir:

1) José Pedro Gomes e António Feio ("a dupla da Treta") vão ser pela segunda vez as caras da campanha de sensibilização da Ecopilhas que alerta para a reciclagem de pilhas e baterias usadas. As filmagens decorreram na feira da Tapada das Mercês e o anúncio vai estar disponível nos 3 canais generalistas.

2) A Lipor para sinalizar o Dia Mundial do Ambiente decidiu sensibilizar a população do Grande Porto para dois dos seus projectos que permitem melhorar a qualidade de vida nos centros urbanos, ao mesmo tempo que se contribui para um meio ambiente mais sustentável. Um deles é o projecto "Horta à Porta". Este projecto consiste em criar hortas biológicas nos centros urbanos e envolver a comunidade local na sua gestão. Em troca do seu trabalho os habitantes podem usufruir gratuitamente dos produtos por si cultivados, estando já em funcionamento 12 hortas. O projecto "Terra-a-Terra" visa distribuir 10.000 compostores aos portuenses. Estes compostores permitem produzir abudo natural através dos resíduos orgânicos que todos os dias produzimos. Com a sua utilização estima-se que a produção total de resíduos diminua em 300 quilos anuais.

4 comentários:

  1. Daniel,

    O melhor mesmo é não consumir (reduzir). Reciclar e reutilizar apenas minimiza o problema. Claro que quando quase todos apelam a que se consuma muito para combater esta crise de procura ...tudo fica mais difícil.

    um abraço

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  2. para um jovem de 17 anos, este post (aliás como os anteriores onde há opiniões e descrições muito ponderadas e sem fanatismos) mostra quanto maduro e atento tu és à realidade à tua volta, nomeadamente o ambiente.
    Concordo com a generalidade do que dissestes. Efectivamente a terra é limitada nos recursos e na capacidade de regeneração, além de nós humanos (que somos mesmo muitos) apenas exploramos uma canada muito restrita do planeta e pouco mais extensa que a biosfera.

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  3. Paulo Lobato,

    Para mim os 3R estão formados de forma hierárquica, ou seja, reduzir é a mais importante das medidas e reciclar a menos, apesar de obviamente termos que abordar o conjunto das 3. Infelizmente creio que só estamos a dar atenção à reciclagem talvez por ser uma actividade lucrativa, invés de abordarmos a questão dos resíduos na sua globalidade. Do ponto de vista económico é bastante interessante e certamente um grande desafio. Uma vez numa aula em que estávamos a debater a temática, dei o exemplo de no futuro não comprarmos carros novos, mas sim "actualizarmos" o nosso. Ao fazermos um upgrade ao nosso carro e não comprar um novo estávamos a gerar menos volume de resíduos. Esta ideia não tem nenhum fundamento científico, serve apenas para ilustrar aquilo que no meu entender é parte da solução tentando "manter" a economia actual.

    Abraço,
    Daniel.

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  4. geocrusoe,

    Muito obrigado pelos elogios! Para mim o pensamento é uma realidade que se adapta a novos conhecimentos, daí não considerar muito positivo posições extremistas ou fanáticas.

    É bastante interessante pensar na perspectiva de explorar novos recursos para diminuir a exploração de outros. Se há algo de que podemos ter a certeza é de que ainda não compreendemos totalmente o nosso planeta, sendo impossível saber tirar partido de todas as suas "qualidades".

    Também concordo com o facto de sermos demasiados e seremos ainda "mais" se pensarmos nos milhões de pessoas que não têm acesso a uma vida com qualidade e que têm direito à mesma. Acerca desse aspecto, uma vez li um texto de opinião no site da Greenpeace onde um investigador expunha que nos países em que as mulheres tinham plenos direitos e onde se promovia o uso de métodos contraceptivos a população total estava a diminuir.

    Abraço,
    Daniel.

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