quinta-feira, 9 de julho de 2009

Protecção dos Ecossistemas

A Greenpeace Portugal já existe numa forma online há algum tempo. Contudo, não existiam acções directas em Portugal por não haver um escritório físico da Greenpeace no nosso país. Já existe um em quase todos os países da Europa e actualmente, esta organização não-governamental está a concentrar os seus recursos em países em vias de desenvolvimento por serem aqueles cuja população está menos sensibilizada para as alterações climáticas, por serem aqueles que irão sofrer as consequências mais graves do problemas resultantes das alterações climáticas (como aumento de secas e cheias) e pelo papel importante que esses países têm, alertando para a necessidade de se desenvolverem de uma forma sustentável.

No Verão passado, Portugal recebeu a visita de um navio da Greenpeace. Este evento marcou uma reviravolta na presença da Greenpeace no nosso país. Apesar de ainda não existir um escritório físico, existem grupos de voluntários que realizam acções directas e contactam com a população. A participação e informação online aumentou bastante e já possível qualquer português ajudar a Greenpeace através do computador ou através de acções directas. A última acção desta organização desenrolou-se no início deste mês, incidindo sobre o tema-chave da Greenpeace Portugal, a protecção dos ecossistemas marinhos.

Dez activistas da Greenpeace (4 deles portugueses) realizaram uma campanha de sensibilização junto da sede do grupo Jerónimo Martins (detentor do Feira Nova e Pingo Doce), tentando contactar com a administração do grupo. O objectivo desta acção é sensibilizar os hiper e supermercados do grupo para adoptarem uma política sustentável na compra de peixe, evitando assim a destruição da vida nos oceanos. Pingo Doce e Feira Nova são os "alvos" da Greenpeace pois estão cotados em último lugar no 2º ranking de compra de peixe realizado pela mesma organização. Em resposta a não serem recebidos pela administração do grupo, decidiram colocar um banner gigante na fachada do edifício onde se pode ler "Jerónimo Martins destrói os oceanos". Todos os activistas acabaram detidos pela polícia.

Esta acção, como tantas outras levadas a cabo pela Greenpeace e outras ONG um pouco por todo o mundo recordam-nos da urgência de proteger os ecossistemas mundiais e do nosso papel na sua protecção. Em primeiro lugar temos que perceber a importância dos ecossistemas, pois só assim chegamos à conclusão de que é efectivamente necessário protegê-los. De uma forma simples podemos afirmar que sem equilíbrio nos ecossistemas mundiais a espécie humana extingue-se. O planeta, tal como a nossa sociedade, resulta de um conjunto de interacções e relações entre os vários elementos que compõem esse sistema. No caso do planeta, os elementos são muito variados e entre eles podemos encontrar todos os animais, plantas, etc. da Terra. Como nas relações em sociedade, aquilo que eu fizer vai afectar todo o sistema e aquilo que os outros elementos do sistema fizerem vai afectar-me a mim. O equilíbrio que a Natureza criou é um conjunto de consequências das relações e interacções dos elementos do sistema. Relações essas que podem ser classificadas de saudáveis já que contribuem para a manutenção do equilíbrio que é necessário. O problema é que estamos a alterar essas relações tão profundamente que estamos a alterar as consequências finais e essas novas consequências que produzimos não contribuem para a manutenção do equilíbrio do sistema, antes pelo contrário contribuem para a sua degradação. É urgente inverter esta tendência e para tal acontecer, todos nós temos de tomar medidas. Na nossa sociedade existem regras. Regras essas que tentam assegurar que todas as relações processadas pelos elementos são saudáveis e portanto, não vão pôr em causa o equilíbrio do sistema. Quando alguém quebra uma dessas regras, efectuando uma acção que degrada o equilíbrio, existem punições que têm como objectivo parar de imediato essa acção e anular a sua existência no futuro. A chave para a defesa e protecção dos ecossistemas reside em adoptar o mesmo sistema. Nós estamos interessados numa sociedade saudável (por exemplo acho que é consensual que é bom podermos sair à rua sem termos medo de ser assaltados) da mesma forma que estamos interessados em ecossistemas saudáveis. O interesse é o de sobreviver e o de viver com qualidade. Temos que impor regras que limitem as relações e interacções com os ecossistemas mundiais por forma a que produzam consequências saudáveis e geradoras de equilíbrio. Temos que garantir o cumprimento dessas regras e punir quem não as cumpre. Já temos a "receita" mas falta aplicá-la e é aí que todos nós jogamos um papel fundamental. Uma vez mais, o processo é simples. O sistema circulatório da sociedade global é o dinheiro. E é ele que influencia tudo, incluindo as relações que mantemos com os ecossistemas. Cada um de nós é detentor de um pouco do "sangue" que circula nesta sistema. Se não financiarmos o actual sistema circulatório e colocarmos o nosso sangue num sistema diferente, vão-se produzir alterações significativas. Obviamente que sozinhos não iremos conseguir, daí muitas ONG não se limitarem a agir individualmente mas tentarem convencer cada vez mais pessoas a adoptar os mesmos comportamentos. Mas é esta a receita e é este o processo a ser seguido. É por isto que devemos lutar, até porque o resultado desta "guerra" irá determinar o nosso futuro.

6 comentários:

  1. Tudo o que fazemos ao Mundo afecta-nos a nós tanto pela positiva como pela negativa... Ainda tenho esperança que esta civilização caia por Terra...

    Grifo

    ResponderEliminar
  2. Grifo,

    A primeira conclusão a que chegamos quando avaliamos o estado das coisas é que esta situação não é sustentável de nenhum ponto de vista. Ou mudamos radicalmente todos os aspectos da nossa sociedade e nos transformamos em algo completamente novo ou corremos o risco de ver a nossa qualidade de vida degradar-se ano após ano até chegar a nossa extinção.

    Cumprimentos,
    Daniel.

    ResponderEliminar
  3. Por vezes tenho receio se o modo de agir de algumas ong não é mais nefasto em termos de cativar adeptos para as causas ambientais do que benéfico. há um equilíbrio difícil de encontrar entre lutar pelo ambiente a sério e conquistar adeptos de modo a mudar a sociedade. mas algo tem de ser feito

    ResponderEliminar
  4. Penso que este é um tema importante e fizes-te bem em o analisar.

    Já somos quase que diariamente bombardeados com as "questões" ambientais, mas na realidade há pouca gente que dá um contributo positivo para travar este problema.

    A Greenpeace está finalmente a ser mais activa em Portugal e espero que mobilize algumas pessoas que até se preocupam mas que não têm iniciativa para agir sozinhas ou estão simplesmente à espera de um grupo de apoio e de uma "família".

    A Greenpeace tem feito um excelente trabalho na preservação do ecossistema e ainda bem, senão isto estaría ainda pior do que está actualmente, já que o ecossistema cada cada vez está mais exposto a alterações não programadas e prejudiciais, a maioria delas causadas, claro, por nós.

    Cumprimentos,
    Marta.

    ResponderEliminar
  5. geocrusoe,

    Esse problema existe porque muitas pessoas não estão ainda preparadas mentalmente para aceitar a realidade e ao pensarem que a "solução" é bem mais fácil do que aquilo que realmente é, consideram a forma de agir de algumas ONG algo extremista. A Greenpeace penso que é um caso de sucesso já que tem milhões de apoiantes pelo mundo fora e já conquistou várias vitórias tanto nacionais como internacionais. Contudo concordo contigo. As ONG com menos apoiantes serão talvez as que lutam "melhor" para salvar o planeta e aquelas que se preocupam com a imagem e que proporcionam uma solução fácil e sem grandes sacrifícios tenderão a cativar mais facilmente as pessoas.

    Abraço,
    Daniel.

    ResponderEliminar
  6. Marta,

    Eu sou um grande fã da Greenpeace e acho que é uma ONG que se mantido fiel aos seus objectivos apesar do seu mediatismo e protagonismo ter vindo a aumentar. Contactei com eles pela primeira vez de forma directa no Rock in Rio 2008. Rock in Rio esse onde foste comigo e passaste montes de tempo no stand da Greenpeace a falar com o director das embarcações :)

    Um escritório faz sempre falta para organizar as campanhas nacionais. Contudo a criação de um grupo de voluntários em Lisboa veio abrir novas portas. Agora já existe outro grupo de voluntários em Lisboa e um no Porto. Possivelmente daqui a algum tempo veremos campanhas da Greenpeace em Portugal não só a nível nacional mas também a nível local. Este tipo de organizações facilita a acção directa e dá-nos as "ferramentas" para realizarmos essas mesmas acções. Com uma instituição por trás na organização das campanhas basta-nos vontade e disponibilidade para contribuirmos, tornando-se assim muito mais apelativo.

    Cumprimentos,
    Daniel.

    ResponderEliminar