quarta-feira, 15 de julho de 2009

Carro Eléctrico

Uma vertente essencial no âmbito do desenvolvimento sustentável é a mobilidade. O automóvel é o principal meio de transporte a nível mundial e Portugal em particular, sente fortemente essa dependência. Apesar de muitos problemas relacionados com a mobilidade poderem ser resolvidos com investimentos em transportes públicos, a flexibilidade do carro torna-o insubstituível. É preciso então, encontrar soluções que melhorem este meio de transporte tornando-o mais "amigo" do ambiente.

Uma das principais mudanças necessárias é a alteração dos motores a combustão para motores eléctricos. Se a energia produzida para carregar as baterias que alimentam estes motores provir de fontes renováveis e limpas, estamos a evitar a emissão de gases poluentes que prejudicam o meio ambiente e a saúde pública. Outras mudanças serão necessárias (por exemplo a incorporação de materiais reciclados na construção do veículo) mas este tem sido o "cavalo de batalha" das principais marcas do ramo automóvel. O imperativo ambiental aliado a um preço cada vez mais inconstante do petróleo (e consequentemente das gasolinas e gasóleos) leva a uma procura renovada por carros eléctricos. As marcas aperceberam-se que este é o veículo do futuro e talvez a chave para tentar solucionar a crise do ramo automóvel. Os projectos de investigação e desenvolvimento multiplicam-se numa corrida desenfreada para melhorar esta tecnologia. As melhorias ao nível do desempenho e autonomia são notáveis e prometem continuar. Não duvido que caso esta tecnologia seja implantada com sucesso nos carros, as marcas passem a desenvolver soluções para outro tipo de veículos terrestres (motas, camiões, etc.) disseminando a tecnologia do veículo eléctrico como uma alternativa ambientalmente responsável e económica. Os governos de vários países já desenvolveram parcerias essencialmente para a constituição de redes de abastecimento a nível nacional. Portugal é um desses pioneiros, tendo negociado com a Renault-Nissan a implementação dos carros eléctricos no mercado português e com empresas como a Martifer, Sonae, Galp, EDP e outras o sistema de abastecimento. Este sistema tem uma importância muitas vezes esquecida por todos nós. Acima frisei as melhorias no desempenho e na autonomia dos carros eléctricos mas o carro em si é apenas metade da solução. O carregamento deste veículos é demorado e se em casa podemos deixá-lo a carregar durante a noite, o carregamento em viagem torna-se mais complicado. É até equacionada a hipótese de se trocar as baterias em vez de as carregarmos nesses postos de abastecimento. Se para "atestar" o meu carro demoro 4 horas, é preferível trocar a bateria descarregada por uma carregada. De seguida o posto de abastecimento carrega a minha bateria que servirá para outro cliente.

Também nesta área surgiu um importante desenvolvimento, fundamental para o sucesso da nova geração de automóveis. Uma empresa norte-americana, a Evoasis conseguiu reduzir o tempo de espera de várias horas para 20 minutos. O "segredo" está nas tomadas que são de 440 volts. Esta empresa projectou uma estação de abastecimento que será testada em Londres devido à densidade populacional. Esta inovadora estação de abastecimento para carros eléctricos assemelha-se a uma doca (os automóveis estacionam em torno de um centro) e os condutores podem ver televisão, aceder à internet ou visitar o café da estação. O objectivo é proporcionar conforto aos utilizadores de carros eléctricos enquanto esperam que os seus veículos sejam carregados com energia renovável já que esta estação utiliza o sol e o vento para produzir a energia de que necessita.

Apesar de achar que 20 minutos é ainda demasiado tempo (penso que o tempo médio deveria rondar os 5 minutos) este desenvolvimento é extremamente importante. O sucesso do carro eléctrico vai depender do veículo em si mas também da rede de abastecimento. No caso do veículo é preciso mostrar que um carro eléctrico é tão autónomo e veloz quanto um carro convencional, demonstrando aos condutores que se adequa perfeitamente às suas necessidaes diárias. No caso da rede de abastecimento é preciso introduzir uma nova "filosofia" onde o condutor se habitua a esperar mas fá-lo com qualidade e aproveitando esse tempo para desenvolver outras tarefas (por exemplo consultar o e-mail já que tem acesso à internet ou adiantar qualquer tipo de trabalho), compensando desse modo o tempo "perdido" já que o vai poupar mais tarde. O carro eléctrico vai chegar para ficar e até à sua entrada "a sério" no mercado muitos mais desenvolvimentos e melhorias se seguirão.

6 comentários:

  1. Pelo vistos tu nas férias não páras de ler e pesquisar. parabéns pelo post que toca nos problemas essenciais dos automóveis eléctricos e dos benefícios que da solução podem resultar.

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  2. Tenho de descordar com a afirmação "estamos a evitar a emissão de gases poluentes", na verdade a produção de baterias é altamente poluente, a unica diferença é um menor grau de poluição nos grandes centros... sendo essa poluição transferida para outro local... O hibrido é um veiculo de transição para os futuros carros 100% limpos...

    Grifo

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  3. geocrusoe,

    Para o blog só existem férias se não puder aceder à internet :) Obrigado pelo elogio e pelo comentário! Tenho muita esperança nos carros eléctricos mas reconheço que existem um enorme caminho pela frente, a todos os níveis.

    Abraço,
    Daniel.

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  4. Grifo,

    Quando me referi a essa poupança de emissão tem a ver com o facto de não existir combustão e portanto o carro não emitir gases poluentes. Eu disse que existem muitas outras "frentes" de batalha quando falamos em mobilidade sustentável. Dei como exemplo a incorporação de materiais reciclados na construção do carro. Claro que de nada serve ter um carro eléctrico se nos carregamentos são utilizados combustíveis fósseis para produzir a energia eléctrica, se a sua construção continuar a "devorar" matérias-primas e a transformação dos materiais ser altamente poluente. O mesmo se passa com as baterias. O carro eléctrico parece-me uma solução credível mas existem problemas associados e a investigação tem de ir no sentido de mitigar/anular esses problemas. Só assim iremos conseguir uma mobilidade verdadeiramente sustentável. A tecnologia do hidrogénio parece-me promissora mas o seu grau de desenvolvimento (que mais tarde irá com certeza despertar problemas desconhecidos até agora) leva-me a apoiar uma solução que pode ser alternativa (caso por qualquer razão o hidrogénio não resulte) ou intermediária (caso resulte para dar tempo ao desenvolvimento e disseminação da tecnologia). Para pequenos trajectos e pequenos veículos gosto bastante da tecnologia de ar comprimido quando penso no longo prazo.

    Agradeço o comentário e a opinião!

    Abraço,
    Daniel.

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  5. Todas as evoluções no âmbito das energias limpas são bem vindas! Mas, para mim, a grande evolução deveria ser na organização das nossas vidas. Será que em pleno século XXI ainda temos que trabalhar tantas horas e todos ao mesmempo? Agradeço o convite, muito interessante este blogue/grupo!

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  6. Anónimo,

    Tal como a tecnologia, também a sociedade evolui. Esperemos nós que evolua para algo mais positivo que se traduz nos pontos que afirma. As energias renováveis e a sustentabilidade em geral vão obrigar a determinadas mudanças no nosso quotidiano onde temos de estar dispostos a realizar pequenos "sacrifícios" em torno de um bem maior. Quem sabe se isso não será o despertar de uma sociedade mais justa, igual e respeitadora.

    Eu é que agradeço o comentário. Todos são sempre bem-vindos a comentar, para concordar ou discordar.

    Cumprimentos,
    Daniel.

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