terça-feira, 19 de maio de 2009

Dívida vs Emprego

Tomo como ponto de partida este post e este artigo, para uma análise sobre a dívida pública e o emprego.

Em primeiro lugar quero salientar que para mim o emprego é uma prioridade que se sobrepõe a muitas outras áreas. Como tal, vejo a criação de emprego como uma peça-chave para a solução desta crise, entendendo que é um dever do Estado fomentar a criação de emprego e também garantir a não precariedade desse emprego.

A dívida pública de Portugal é elevada? Concordo. Perigosamente elevada? Penso que sim. Demasiado elevada? Exacto. É necessário reduzi-la? Sem dúvida. Mas não agora, não em medidas de protecção social e de fomento de emprego.

Existem despesas supérfluas e penso que a mesmas deveriam ser suprimidas. E defendo uma explicação muito bem fundamentada de todas as medidas e investimentos concretizados pelo Estado. Não sou apoiante do lema "fazer estradas para lado nenhum". Especialmente porque acho que Portugal tem um grande "potencial" de investimentos com futuro e com ganhos bastante positivos.

É esse tipo de investimentos que defendo. O Estado pode e deve acabar com as despesas desnecessárias e com os desperdícios mas o valor total de dinheiro gasto deve aumentar. É necessário arriscar e aumentar o investimento (com a consequência de aumentar a dívida pública) para a promoção de emprego e para o relançamento da economia. O Estado deve ser a "acendalha" da economia. Investir na reconstrução do parque escolar, do parque hospitalar, das infra-estruturas militares, das esquadras e postos policiais, dos estabelecimentos prisionais, apostar na renovação da ferrovia, na reconstrução de estradas, iniciar um plano ambicioso de construção de ciclovias, renovar e aumentar os parques naturais e zonas protegidas, apostar na reconstrução dos centros urbanos, criar parques tecnológicos e industriais, etc etc.

Tudo isto são investimentos dispendiosos que considero necessários e positivos apesar de aumentarem a dívida pública. Porque os considero positivos? Pelo impacto a curto e a longo prazo.

A curto prazo pela criação de emprego e de encomendas para as empresas, "aliviando" a crise e mesmo com o potencial para a solucionar, devido ao efeito "bola de neve". A longo prazo devido aos ganhos sociais em termos um Portugal completamente renovado e melhor preparado para o futuro. E essa preparação reflecte-se numa maior competitividade a nível internacional de uma forma indirecta, mas que por ser indirecta não deixa de ser extremamente importante. Obviamente que Portugal não consegue recuperar se mais ninguém recuperar. Aquilo que penso é que se nada fizermos, corremos o risco de ver o "mundo à nossa volta" a recuperar e a crescer e Portugal (ou mesmo a UE como um todo) a arrastar-se numa crise sem fim à vista.

Muitos economistas e não só, dizem que "com a crise vêm as oportunidades". Eu acredito e defendo que devemos explorar essas oportunidades.

Sintetizando, defendo uma aposta forte no investimento por parte do Estado pela sua necessidade a curto prazo e pelo facto de ter o potencial de criar um novo Portugal. Um Portugal capaz de gerar mais riqueza e de pagar a tal dívida externa acumulada, associando os benefícios económicos e financeiros aos benefícios sociais.

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