quinta-feira, 21 de maio de 2009

Prisão de Guantánamo

De acordo com este artigo do jornal i, o senado americano negou a cedência da verba pedida pelo Presidente Barack Obama para encerrar o estabelecimento prisional de Guantánamo.

Esta prisão é uma mancha na imagem interna e externa dos EUA e uma das explicações para o aumento do "anti-americanismo" durante os 8 anos da presidência Bush. Segundo o mesmo artigo, os senadores chumbaram o pedido do Presidente por este não ter apresentado uma alternativa para os reclusos, frisando que só aceitarão analisar uma proposta quando Obama clarificar o que vai acontecer aos prisioneiros actualmente instalados em Guantánamo. Apesar de "compreender" os receios do Congresso penso que foi uma atitude incorrecta, passando a explicar o porquê.

Uma das soluções apontadas é o acolhimento por parte dos países da UE dos prisioneiros de Guantánamo. Sou defensor desta alternativa, obviamente depois de bem analisada, ponderada e discutida. Os EUA são um aliado histórico da Europa e para mim a história é para se honrar. Após a 2ª Guerra Mundial os Estados Unidos auxiliaram a Europa através do "plano Marshall", que apesar de ter como objectivo conter o comunismo soviético e aumentar a influência americana na região, teve um papel bastante importante na reconstrução europeia. Este é apenas um exemplo da união existente e de como uma relação harmoniosa é capaz de defender os interesses de ambas as partes.

Guantánamo é um problema sério para Obama. Foi uma das suas mais mediáticas promessas eleitorais e é uma das muitas medidas que vai ter de tomar para recuperar o prestígio americano e assumir a sua posição de liderança global. É um facto que Obama tem um enorme interesse em que a UE acolha os prisioneiros, permitindo a resolução do problema mas, na minha opinião, a Europa também tem um grande interesse em receber os "reclusos". A Europa tem a sua posição cada vez mais enfraquecida no contexto global, algo agravado pelas discordâncias internas e pelo aparecimento de novas potências no continente asiático e americano. E Obama já provou várias vezes que se consegue relacionar com praticamente todo o mundo. Esta é uma oportunidade para a UE se evidenciar no contexto global, recuperando alguns "pontos" na cooperação com os EUA. Caso contrário penso que nós (europeus) iremos caminhar para uma Europa cada vez mais isolada do mundo, enquanto os vectores políticos e económicos se afastam do velho continente.

Onde está o erro do Senado americano? Ao não aprovar a proposta não colocaram pressão na Europa. Actualmente os 27 têm muita dificuldade em gerar consensos em qualquer matéria e este assunto não foge à regra. Se os EUA não pressionarem a Europa, não vai ser a mesma a resolver este impasse. Penso eu que seria mais fácil aprovarem o pedido e depois Obama e a sua administração "convencerem" a Europa a aceitar os prisioneiros do que o reverso, onde primeiro a Europa mostra o "sinal verde" e depois Obama formaliza o pedido ao Senado.

Como última nota quero apenas salientar a posição de Luís Amado (ministro dos negócios estrangeiros) que tenta levar esta temática a debate e se mostra disponível para estudar uma solução com os EUA.

5 comentários:

  1. Acho mal que não se feche a prisão de Guantanamo, mas acho bem que os presos não venham para a europa.

    Quanto ao plano marshall, para mim foi mesmo mais a questão do comunismo que referiste do que preocupação extrema com os europeus.

    Quanto a uma possível ajuda depois da segunda guerra, ela aconteceu, mas vamos lá lembrar que lucraram também muito com isso... os empréstimos e respectivos lucros não desagradou os americanos que mesmo que não soubessem o que fazer ao dinheiro nunca o dariam (o que é evidente e claro que acho muito bem) portanto isso de estarmos em dívida para com eles...

    O plano marshall fez, entre outras coisas, os países que recebiam o empréstimo a aceitarem o controlo e fiscalização das suas economias (e não, não foi só para ver se o dinheiro era bem utilizado).
    tal como na primeira Guerra, os EUA voltaram a lucrar.

    tudo bem que a ajuda foi essencial, mas foi mais um empréstimo, e tu não agradeces (de forma sincera) aos bancos quando te emprestam dinheiro porque lhes vais pagar tudo e eles ainda lucram.

    foi mais um negócio.

    Penso que a prisão deve ser de facto encerrada mas quanto aos presos penso que só há uma opção...
    metam-nos nas outras prisões deles, numas de alta segurança. prisões é o que não lhes faltam.

    não é chegarem aqui darem-nos um dinheirito e pronto nós ficamos com a "porcaria" deles (sem querer ofender ninguém...pelo menos os inocentes, os outros olha...)

    sim porque os países para aceitarem isso é ou por dinheiro ou por quererem ser amiguinhos dos EUA e do Obama...

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  2. Ó amigo Daniel.. essa da Europa ficar Isolada do mundo se não acolher os presos de Guantanamo não lembra nem à Ana Gomes. O acolhimento por parte dos Paises da UE de Presos suspeitos de Terrorismo mais não é do que uma tentativa de demonstrar uma superioridade moral da Europa face aos EUA. Nada tem a ver com Ajuda ao Governo de Obama ou ao Pagamento do Plano Marshall(que de resto foi bem constestado pelo comentário da Marta Pires). Neste contexto temos dois pontos:

    1. Não foi George Bush que ocupou Guantanamo, nem edificou aí uma cadeia, sem garantir julgamento aos aí detidos.

    2. A maioria dos presos que estão em Guantanamo são de facto elementos perigosos, como demonstra o facto de 1 em cada 7 já libertados terem voltado à practica de actos terroristas.


    Atenção, não veja em mim um "Bushista". Bush filho é naturalmente um idiota, e neste caso um idiota perigoso, mas o seu maior pecado terá sido dar continuidade a prácticas instituidas. A questão não é se em Guantanamo deveria ou não haver uma prisão sem garantias. A questão é : Quando vão os EUA devolver a Cuba aquele bocado de terra que lhes pertence. Isto apesar de em Cuba existir um regime miserável e opróbrio. Os EUA têm todo o direito de fazer o embargo que quiserem , e nem percebo o histerismo em volta do tema, mas não podem ocupar parcelas de território estrangeiro.

    às vezes temos de fazer um esforço para vermos "the Big Picture", ou arriscamo-nos a ficar reféns daquilo que julgamos certo no pensamento ideológico que prefilamos, tipo clubite.

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  3. Marta,

    Essa perspectiva de negócio também é favorável à Europa. Actualmente que "moeda de troca" temos com os EUA?

    A UE é actualmente quem tem projectos mais ambiciosos em relação às alterações climáticas enquanto que os EUA nem são signatários do protocolo de Quioto. Obama prometeu inverter essa tendência e o pacote de estímulos reflecte isso mesmo. Ainda assim não será importante ter algo com que pressionar os EUA por exemplo nesta matéria?

    Não digo que a Europa acolha todo o tipo de reclusos nem que acolha sem negociar e ponderar os seus interesses. Aquilo que acho é que o acolhimento por parte da Europa dos prisioneiros de Guantánamo seria uma mais-valia na cooperação Atlântica, cooperação essa que com interesses dos EUA ou não, se tem mostrado vital para a Europa.

    Cumprimentos.

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  4. Vigilante,

    Eu sou da opinião que a história é para se honrar pelo motivo de que é algo que demora a construir e a solidificar. Para defender a minha opinião dei como exemplo o Plano Marshall, nada mais. Não digo que temos de acolher os prisioneiros como pagamento directo ao plano nem nunca disse que os EUA não lucraram com a situação.

    Mas às populações europeias o que será que interessou mais? O "controlo" americano ou a reconstrução das suas cidades possibilitando um ciclo de crescimento e de aumento da prosperidade? Penso que os maiores beneficiários (e não os únicos) foram os europeus.

    A Marta defende e você também que os EUA realizaram o plano para salvaguardar os seus interesses. Concordo. Não poderá a Europa fazer o mesmo com Guantánamo? Não os poderemos acolher não por "gosto" mas por interesse?

    Podemos acolher os prisioneiros em troca de algo, a tal "moeda de troca" que referi acima. Em relação aos indivíduos perigosos, aquilo que defendo é que sejam levados para as prisões onde estão os outros cidadãos e que sejam julgados de acordo com a lei, sem se recorrer a práticas de tortura. Não digo que se deve libertar todos os ocupantes de Guantánamo.

    Aqueles que supostamente são terroristas devem ser julgados baseados em provas e factos e cumprirem a sua sentença numa prisão "normal". Os inocentes devem, na minha opinião, ser libertados e acolhidos por países que não os de origem (devido a represálias) e que não os EUA (por tudo aquilo que este país lhes fez e também claro pela possibilidade de represálias). E considero inocentes aqueles cuja única prova de que são terroristas é um testemunho recolhido após tortura.

    Como sabe a política é um campo que se move por sinais e onde uma declaração, um gesto, uma acção podem ter um enorme impacto. Actualmente a Europa está "velha" e incapaz de gerar consensos. A UE está a regredir e isso fragiliza a Europa. A juntar à crise internacional onde a Europa não concorda com a solução da China e dos EUA, as duas grandes potências mundiais. A juntar à viragem da política externa dos EUA, onde Obama já provou conseguir dar-se com "toda a gente". A juntar às novas potências económicas (China, Índia, Brasil, etc.). A juntar à interdependência sino-americana.

    Com tudo isto será do interesse dos EUA aprofundar relações com quem? Com certeza não com a Europa. Afinal de contas não temos dinheiro, não temos união, não temos posições semelhantes em questões fundamentais e não temos poder militar comparado com as novas potências. Mais ainda, não se perspectiva grande futuro para a Europa enquanto que para os países acima citados perspectiva-se um forte crescimento em todos estes campos.

    Concluindo, tudo isto leva-me à conclusão de que a Europa está a ficar isolada do mundo (na medida em que os vectores de decisão estão cada vez mais longínquos) e Guantánamo é para mim, uma possibilidade de "contra-atacar" essa tendência e assim defender os interesses futuros da UE.

    Cumprimentos.

    PS: Em relação à questão geográfica de Cuba concordo consigo. Mais uma razão para o desaparecimento daquela prisão.

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  5. Olha Daniel, já te tinha dito noutra altura e noutro local que não este algo do género que o vigilante disse acerca dos presos de guantanamo: eles são criminosos.

    Se me perguntares se há lá inocentes, talvez...
    A maioria? Bem larga? Criminosos!

    Pq é que eles são criminosos? Ora isso tem tanta justificação possível, muitas delas que nos pode levar a pensar até que ponto têm eles culpa do que fazem, tendo em conta o sítio onde vivem etc etc etc...

    Por isso, penso que devem ser presos. Só acho que não se pode chegar ao extremo de tortura e abusos que se chega. Mas não podem ser soltos e muito menos termos de ser nós a levar com eles.

    Prisões de alta segurança nos EUA é o que não falta para gente como eles.

    Vital para a europa, como referiste, é por exemplo não acolher terroristas extremistas para andarem a passear nas nossas ruas, que já temos problemas que cheguem.

    este ia ser outro negócio para os EUA e para o Obama ficar bem visto. Toca a passar o lixo para a Europa ou subir à sua conta.

    Se a Europa tem outros problemas vitais, não é com a recepção destes presos que se vão sarar. Cada vez mais as pessoas pensam mal da Europa...só andamos aqui para servir os EUA ou quê?

    Mas pronto, assunto encerrado, cada um com a sua não há muito mais a dizer sobre isto =)

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