A edição nº846 da revista Visão (referente a 21/05 até 27/05) tem como tema de capa "Como Salvar a Terra do Calor do Sol". Este título refere-se a vários megaprojectos que vão ganhando cada vez mais apoiantes e sobre os quais se pondera cada vez mais a sua efectiva concretização. Tal acontece porque cada vez mais cientistas (e não só) não acreditam que os líderes mundiais sejam capaz de agir atempadamente, reduzindo as emissões de gases poluentes e travando o aumento do aquecimento global. Seguem-se esses projectos inovadores:
1) Escudo Solar - Um escudo solar a orbitar em torno da Terra com 2 mil quilómetros quadrados constituído por 16 biliões de placas de vidro conseguiria filtrar 2% da radiação solar, o suficiente para conter o aquecimento global. Este escudo apesar de actuar directamente sobre o problema sem efeitos colaterais e com uma possibilidade de destruição caso algo corra mal tem como inconvenientes o seu transporte e o seu elevadíssimo custo de fabrico.
2) Água salgada na atmosfera - Mil aspersores (navios gigantes com chaminés) sediados nos vários oceanos seriam capazes de expelir 15.800 metros metros cúbicos de água por segundo em direcção ao céu, aumentando a capacidade de reflexão das nuvens. Apesar de na teoria este projecto não ter qualquer efeito negativo para o ambiente seria preciso um imenso esforço internacional para construir os mil aspersores e para os sustentar visto serem autênticos sorvedouros de energia.
3) Material reflector em larga escala - Plataformas de plástico ou película espelhada sediadas nos oceanos e nos desertos seriam capazes de aumentar o albedo da Terra. Este processo não interferiria com o ambiente visto apenas "imitar" o poder reflector do gelo mas somente quantidades inimagináveis de material poderiam aumentar os actuais 30% de luz solar que a Terra envia de volta para o espaço.
4) Dióxido de enxofre na atmosfera - A injecção de dióxido de enxofre na estratosfera (entre 1,5 a 4,5 milhões de toneladas) iria aumentar a quantidade de calor bloqueado pela Terra. Este método tem eficácia comprovada e as quantidades exigidas são perfeitamente exequíveis. Contudo o dióxido de enxofre interfere com a camada de ozono e pode provocar chuvas ácidas além das reservas demonstradas por vários cientistas quando se manipula quimicamente a atmosfera.
5) Aspiração do CO2 - Além da captação e sequestro do CO2 produzido pelas centrais termoeléctricas (CCS) existem projectos para máquinas que "purificam" o ar. Utilizando soda cáustica conseguem absorver ar contaminado com dióxido de carbono e "devolvê-lo" com níveis bastante inferiores. Os principais problemas são a quantidade de máquinas necessárias (tendo em conta os actuais níveis de CO2 e o seu presumível aumento), respectivo consumo de energia e locais onde se armazene em segurança o dióxido de carbono sequestrado.
6) Cultivo oceânico - O pó de ferro introduzido nos oceanos origina uma maior concentração de fitoplâncton à superfície. Esta teoria é provada pelas várias erupções vulcânicas. Tal como todas as outras plantas, o fitoplâncton absorve dióxido de carbono surgindo a ideia de "cultivar" os oceanos com ferro para que estes aumentem a sua capacidade de absorção de CO2. Apesar de ter eficácia comprovada desconhece-se os efeitos desta técnica nos cada vez mais frágeis ecossistemas marinhos.
Pessoalmente não considero que nenhum destes projectos seja a solução em si mas apenas um plano de recurso como afirmam muitos cientistas. A solução passa por parar a desflorestação, criar reservas naturais terrestres e marinhas e fazer uma fiscalização efectiva nas mesmas, remodelar as áreas urbanas e industriais florestando as mesmas, apostar fortemente na eficiência energética, investir em fontes de energia renovável com especial ênfase em projectos locais e continuar a investigação em melhorar a nossa mobilidade, rumo a uma alternativa sustentável. Estes são para mim, alguns passos essenciais para encarar o problema de "frente" e tentar resolvê-lo.
Não prevejo grande sucesso para a ideia dos aspersores visto ser demasiado complicado construir e manter um milhar deles, especialmente tendo em conta a quantidade de energia que gastam. O mesmo se aplica em relação à aplicação de materiais reflectores em desertos e oceanos. A quantidade é simplesmente demasiada para ser posta em prática. É verdade que o dióxido de enxofre tem a sua eficácia comprovada, contudo sou contra a alteração química da atmosfera pois temo os efeitos nefastos e irreversíveis que tal manipulação possa gerar. O CCS é uma tecnologia prometedora e com vários projectos já implantados com sucesso. Tal como os aspersores, para mim a solução não passa por milhares (milhões?) de máquinas purificadoras absorvendo quantidades cada vez maiores de CO2. Vejo o a aspiração como uma tecnologia de adaptação e de "remediação", ou seja, sou a favor que as centrais termoeléctricas enterrem o CO2 que produzem em poços de gás e petróleo já esgotados até que sejam substituídas por fontes de energia renovável. Sou também a favor que após atingirmos uma sociedade "carbono zero" (parando o aquecimento global) aspiremos algum CO2 para reverter aquilo que já poluímos em demasia. Em relação ao cultivo oceânico, sou completamente contra pelo mesmo motivo que da injecção de dióxido de enxofre na atmosfera. Os efeitos nos ecossistemas marinhos são imprevisíveis e possivelmente irreversíveis. A única solução que me alicia verdadeiramente como "plano B" é o tal escudo solar visto não interferir directamente com o nosso planeta e ser fácil de o desactivar caso se comprove que a sua utilização não é benéfica.
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