De acordo com o Público 14 dos 27 países que constituem a União Europeia vão violar o PEC já que os seus défices em 2009 serão superiores a 3% do PIB. A fonte é fiável já que reporta às comunicações feitas pelos países ao Eurostat. Segue a lista dos incumpridores (previsão):
Reino Unido (12,6%), Irlanda (10,7%), Letónia (8,5%), Portugal (5,9%), Espanha (5,8%), França (5,6%), Roménia (5,1%), Polónia (4,6%), República Checa (3,9%), Grécia, Itália e Eslovénia (3,7%), Bélgica (3,4%) e Holanda (3,3%).
A União Europeia frisa que vai analisar estes resultados mais tarde, já que o ano ainda não está concluído, concentrando-se agora na abertura de processos aos países que violaram o PEC em 2008. Os visados são Reino Unido, Irlanda, Roménia, Grécia, Malta, Letónia, Polónia, Hungria, França e Lituânia (10 no total).
Na minha opinião é bastante incorrecto mover processos contra estes países tanto no ano 2008 como no ano 2009 se a UE decidir tomar a mesma posição. Todos sabemos os graves efeitos económicos e sociais que esta crise provocou. Crise essa que ainda não terminou muito menos na Europa que se recusa a dar uma resposta conjunta (seja ela má ou boa).
Seria bem mais importante a União Europeia tentar uma solução conjunta do que repreender os países cujo défice ultrapassou o estabelecido. Porque multas e outras sanções não vão ajudar ninguém a reduzir o défice. Nem vão ajudar à solução da crise nem à cimentação da solidariedade e da realidade europeia.
Para mim, é necessário um plano de estímulos conjunto capaz de ser aplicado localmente com uma coordenação europeia. Um plano grande e que seja correctamente aplicado. Um plano que financie projectos que sejam capazes de preparar a União Europeia para o futuro e cuja rentabilidade esteja devidamente estudada, ou seja, investimentos capazes de se pagarem a si próprios, pagando a dívida necessária para os concretizar e assim reduzir o défice nacional. No meu entender esta é a única saída para a crise. Investir, criar emprego, criar riqueza, gerar prosperidade e assim assegurar crescimentos económicos no futuro. A palavra chave é arriscar. Este e este artigo são dois exemplos daquilo que eu gostaria que a UE arriscasse e muito, através de um plano europeu de estímulos, "imitando" os EUA e a China.
O primeiro retrata um projecto de investigação sobre sistemas para adoptar em carros eléctricos. Este projecto resulta de uma parceria entre o MIT, a UM, a FEUP e o IST. Escolhi-o somente para servir como exemplo daquilo em que a Europa devia investir como um todo. Já o frisei várias vezes e repito-o... Acredito que Portugal tem excelentes recursos humanos e muita gente capaz de alcançar o sucesso. Investir na área das energias renóvaveis, na mobilidade do futuro, etc. é investir numa nova Europa. É investir em áreas cuja procura vai aumentar ano após ano tanto por motivos económicos como pelo imperativo ambiental. Não é por acaso que o plano de estímulos de Obama foi apelidado de "Green New Deal". A Coreia do Sul lançou um plano de 4 mil milhões de dólares somente para investimentos verdes e frisou que não se tratava de um plano ambiental mas sim de relançamento económico. O The Guardian constatou que a China irá investir mais do dobro que os EUA em energias alternativas. Para quando um plano ambicioso a nível europeu nesta temática? A UE pode-se orgulhar de ter das metas ambientais mais ambiciosas a nível mundial e de ter um know-how excelente (exemplo das turbinas alemãs). Porque não conciliar as metas e o conhecimento com um investimento massivo neste campo? Um investimento que iria gerar emprego (e na maioria dos casos com um salário bem melhor que o mínimo), que iria gerar riqueza e que iria ao mesmo tempo ajudar a cumprir as metas europeias (ou mesmo passá-las) e auxiliar o nosso planeta. Um investimento que teria a aplicação local que eu tanto defendo.
O segundo artigo é sobre um discurso de Miguel Portas onde sublinhava a importância de se apostar no desenvolvimento regional como motor de crescimento do emprego e da economia. Desenvolvimento regional acompanhado por instituições locais que conheciam os problemas e as soluções e que com apoios poderiam proporcionar novos postos de trabalho, evitando a desertificação e "reinventando" o emprego. Essa reinvenção é feita através da conjugação do saber tradicional com o saber moderno dos jovens com formação. Existem fundos de desenvolvimento regional? Existem e ainda bem. Mas isto é outro "filão" que a UE poderia explorar num plano de estímulos. Somos o velho continente e isso significa que temos uma cultura com largos séculos de existência e que encerra em si uma riqueza por explorar.
Concluo dizendo que acho que a Europa tinha "espaço de manobra" para arriscar em investimentos cuja probabilidade de retorno é elevada. Um investimento conjunto focado no aproveitamento dos recursos e necessidades nacionais iria ajudar a Europa a crescer economicamente e iria mostrar a necessidade e a utilidade da existência de uma solidariedade e consciência europeia.
PS: Para quem se interessa pelo tema, visite esta casa onde reside um economista que tem feito posts sobre os quais vale a pena reflectir e com os quais podemos aprender bastante.
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