quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O comboio ecológico

O transporte ferroviário é sem dúvida aquele cuja pegada de carbono é menor devendo ser olhado como um excelente meio de transporte a desenvolver no futuro. Seja no transporte de passageiros ou de mercadorias, seja nas linhas urbanas, sub-urbanas ou de longo curso, o comboio apresenta-se cada vez mais como uma solução eficaz para ligar não só os vários pontos da cidade mas também as cidades umas às outras.

Se olharmos para os diferentes tipos de transporte ferroviário como o eléctrico, o metro, o comboio "em si" ou o TGV verificamos que a sua versatilidade é enorme pois é capaz de se adaptar a um vasto leque de necessidades e aplicações. Além de ser o meio de transporte com maior eficiência energética por passageiro, bem como o facto de a electricidade consumida poder ser produzida a 100% por fontes renováveis o comboio poderá apresentar no futuro outra "vantagem" ecológica.

Um consórcio entre empresas, institutos e o próprio Estado está a criar bancos ferroviários sustentáveis. O objectivo da investigação é minimizar o impacto ambiental da montagem de comboios, alterando alguns dos componentes incluídos nos bancos bem como servir de base de know-how para projectos futuros. Um destes componentes é a cortiça (a Corticeira Amorim faz parte do consórcio), algo que para mim ilustra o facto de podermos somar múltiplos benefícios com a protecção ambiental. A cortiça é um produto ecologicamente sustentável pois além de ser natural, favorece a plantação de árvores autóctones e funciona como um "sumidouro" de carbono. É fascinante como se descobrem cada vez mais aplicações para um produto tão simples e antigo (a cortiça é actualmente utilizada na fuselagem dos foguetões por exemplo) e Portugal tem muito a beneficiar com a expansão da mesma. Além dos benefícios ambientais, Portugal como o maior exportador mundial de cortiça colheria grandes benefícios económicos e sociais. A indústria da cortiça move vários milhões por ano e assegura uma quantidade extremamente razoável de postos de trabalho, estando também fortemente ligada ao sector da investigação e tecnologia, outra área essencial para o futuro do nosso país e onde se tem visto um aumento extraordinário do investimento tanto público como privado.

Este é apenas um exemplo de que com um pouco de imaginação e vontade somos capazes de criar soluções ambientalmente responsáveis enquanto estimulamos o futuro da nossa economia e geramos novos empregos e oportunidades.

2 comentários:

  1. Talvez porque tenha boas recordações de infância quando andei de comboio, talvez porque não haja nos Açores e tenha poucas oportunidades de andar nele, gosto muito do comboio e considero-o efectivamente o meio de transporte colectivo interurbano ou dentro das grandes cidades mais promissor e ambientalmente adequado.
    Por isso concordo com o teor do post, pena que seja um contra-senso investir simultaneamente num TGV e num aeroporto concorrencial, onde imediatamente o comboio deixa de ser o privilegiado.

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  2. geocrusoe,

    Tendo a concordar contigo. O investimento no TGV parece-me essencial para ligar Portugal à Europa mas o transporte ferroviário é muito mais que o TGV. Devíamos investir na expansão e criação de novas linhas de eléctricos, substituíndo centenas de autocarros. Devíamos investir na expansão do transporte de mercadorias via ferrovia (aliando esse investimento a uma expansão e melhoramento do nossos portos). Devíamos revitalizar linhas regionais e suburbanas (aqui perto de mim tenho o exemplo da linha do Oeste e da linha de Sintra). Devíamos parar de expandir o metro para fora da cidade de Lisboa e concentrarmo-nos em cobrir as ínumeras zonas da cidade que ainda não têm metro, etc. Estes investimentos também geram emprego, estes investimentos também combatem a crise e dada a multiplicidade de projectos são investimentos que iriam contribuir bastante para o desenvolvimento local e regional.

    Abraço,
    Daniel

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