domingo, 3 de janeiro de 2010

A crescente influência chinesa em África

Num mundo com contornos cada vez mais diferentes daqueles a que estávamos habituados uma coisa é certa. A geopolítica mundial está e continuará a sofrer alterações cada vez mais profundas.

Um exemplo bem vivo desta tendência é o crescente investimento chinês em África. Uma das formas mais eficazes de expandir a influência real de um determinado Estado de uma forma globalizada não é através da conquista territorial como em séculos passados. É através do investimento económico que se consegue esse "poder". África é um continente extremamente rico e o seu papel nas decisões globais irá seguramente aumentar à medida que se desenvolve e que a cobiça pelos seus recursos aumenta devido à crescente escassez dos mesmos. Veja-se o caso recente da África do Sul que se encontra no restrito grupo de países com quem Obama negociou directamente e firmou o acordo de Copenhaga (EUA, China, Índia, Brasil e África do Sul). Veja-se o crescimento económico de Angola, entre tantos outros exemplos. É caso para dizer que África é um investimento rentável não só do ponto de vista económico mas também geopolítico.

A China está bem ciente desta realidade e aproveita um momento em que a recessão dos países desenvolvidos contrasta com o seu enorme crescimento económico para potenciar e maximizar a sua influência naquele continente e, consequentemente, a sua influência global. Em 2008 China e África protagonizaram trocas comerciais no valor de 74 mil milhões de euros algo que certamente será superado em 2009 e com uma forte tendência de crescimento no próximos anos. Os bancos chineses respondem à forte procura de crédito deste continente especialmente numa altura de crise em que os governos são fortemente afectados pela descida de matérias-primas como o petróleo. Em Angola já existem mais de 50 grupos chineses a operar e a força de trabalho chinesa neste país é superior a 50.000 trabalhadores. Multiplicam-se as linhas de crédito, a aquisição de capitais dos bancos nacionais e concursos de financiamento ganhos por bancos chineses a operar em África.

Apesar dos impactos que já estão a ser sentidos com esta táctica "impiedosa" por parte dos bancos chineses será no longo prazo que estas operações irão dar os seus "frutos". A China está a "comprar" África e com essa aquisição está também a comprar um papel cada vez mais destacado na sua influência global.

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