domingo, 23 de agosto de 2009

Atentados à Cultura - Grifo

Tenho todo o prazer em publicar este texto que o Grifo escreveu para o efeito. O Pensamento Alinhado é um blog de todos e onde todos podem colaborar. Uma vez mais obrigado!

Atentados à Cultura, por Grifo

"Vândalos, eram povo de bárbaros germânicos que invadiu o Império Romano no século V, contribuindo para a sua queda. Lutaram contra a ordem estabelecida e á soberania do Império Romano.
Vândalo, aquele que sente prazer na destruição de bens alheios… Uma definição bastante mais simples e cruel. Mas com certeza não eram os vândalos do século V que sentiam prazer na destruição de bens alheios. Este é um novo tipo de bárbaros que invadem a nossa sociedade nos tempos actuais e ao contrário dos vândalos do sec. V, não vêem do exterior da nossa civilização, mas sim do interior…
Todos nós já devemos ter visto um acto de vandalismo, como rabiscos nas bermas das nossas estradas, nos edifícios e espaços públicos das nossas cidades, bancos de jardins, estátuas e ajardinados partidos ou estragados. Com certeza já pensaram: Qual objectivo por detrás disto tudo? Ao contrário da definição não considero a resposta tão simples, mas vou passar a dar a minha opinião sobre as causas e os causadores.
Muitas vezes considero uma forma de rebelião contra a sociedade actual, visto que vivemos e sempre vivemos numa sociedade de exclusão, em que tudo se baseia na exclusão do elo mais fraco, em suma, vivemos numa selva… e estas pessoas, não passam de alguns selvagens. Acredito que muitos desses selvagens, façam parte do grupo excluído (ou grupo dos elos mais fracos), que protegidos pela escuridão da noite se manifestam contra a cultura selvática em que vivem, destruindo o pouco de bom que ela tem. Num acto muitas vezes impensado e cobarde destroem das coisas melhores que a nossa sociedade tem para oferecer, a cultura artística e o lazer. Já rebaixados pela sociedade opressora e exclusiva, rebaixam-se de dia, lutando cobardemente de noite, manifestando-se selvaticamente contra a selva.
Existe também outro tipo de vândalos, esses são normalmente egocêntricos, sem pensar no bem comum procuram uma sensação de ter o poder nas mãos, satisfazendo o seu enorme ego com a destruição da sua própria cultura…
Acredito ser possível combater o vandalismo. O praticado por pessoas excluídas desta enorme selva é somente eliminado com a criação de uma sociedade inclusiva e justa, que resolva os seus problemas pela raiz e não se contente com meias medidas.
Os egocêntricos, esses devem ser acompanhados por profissionais…"

16 comentários:

  1. Texto interessante, apesar de discordar em parte.

    Não vejo o vandalismo, pelo menos o acto de destruição aleatória, como um gesto de rebeldia ou de afirmação contra algum poder instituído.

    As energias canalizadas para actos de moralidade questionável poderiam ser aproveitadas para a elevação do marasmo social a que o texto se refere. Simplesmente as pessoas têm preguiça de pensar, de questionar, de "evoluir" para algo mais que não precise de actos de "violência" para atingir o fim proposto.

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  2. Espero um comentário teu Daniel... :)

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  3. João Cunha,

    Obrigado por participar no debate! É verdade que existem muitas pessoas (especialmente jovens) sem um rumo concreto para a sua vida mas com uma força tremenda dentro de si. Se conseguirmos com que essas pessoas lutem por algo que realmente vale a pena (leia-se algo que seja positivo para a sociedade ou para o planeta) estaremos a anular um problema construindo uma solução. Essa força pode ser sem dúvida canalizada para "coisas boas".

    As pessoas necessitam é de ser educadas nesse sentido e acima de tudo, de terem um sonho, um objectivo ou uma esperança para perseguir na sua vida.

    Cumprimentos,
    Daniel.

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  4. Grifo,

    Conto fazê-lo amanhã :) Estou sempre pronto para o debate :P Obrigado pelo texto!

    Abraço,
    Daniel.

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  5. Existem também os excluídos por auto-exclusão, porque estão em total rotura com esta sociedade, trabalhar a inclusão nestes casos faz-se mais através da mudança da sociedade injusta do que com programas de inclusão.
    Estes auto-excluídos podem fazer actos vandalismo, mas também podem ser fonte de uma cultura anti-poder, reduzir a primeira e valorizar a segunda pode ser um desafio interessante.
    A medida indicada para os vândalos egocêntricos é excelente em humor e ironia, mas verdadeira.

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  6. Sim os vandalos egocentricos necessitam de apoio profissional...

    Quando falei da criação de uma sociedade mais inclusiva e justa... estava a falar de um mudança social e não de programas de inclusão social... que a meu ver de pouco ou nada servem visto que não trabalham com a raiz do problema...

    A mudança social somente depende de cada um...

    Quando acabei o texto e o li... achei que tinha exagerado no humor e ironia... :S

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  7. geocrusoe,

    Ao ler o teu comentário parece-me que afirmas que a culpa é um pouco das duas partes. Ou seja, existem indivíduos que recorrem a actos de vandalismo para marcar a sua posição e isso está errado mas a nossa sociedade tem bastantes defeitos e devemos procurar "escutar" quem protesta contra a mesma tentando alterá-la. Concordo com essa posição e já vou desenvolver a minha no comentário a seguir.

    Abraço,
    Daniel.

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  8. Grifo,

    É difícil para mim escrever sobre este tema devido à sua variedade e complexidade. Não consigo falar de forma correcta se falar na generalidade. Existem situações muito diferentes e "ninguém" está isento de culpas. O vandalismo é um problema que nos afecta a todos e que deve ser resolvido. Independentemente do motivo que leva as pessoas a realizarem tais actos estarão sempre a prejudicar quem trabalha honestamente e se esforça para desenvolver a nossa sociedade procurando em contrapartida usufruir de alguns benefícios como a cultura e o lazer. Nessa medida somos todos prejudicados pelos actos de vandalismo e considero tais actos injustos para quem não os pratica ou fomenta e procura levar uma vida correcta social e moralmente.

    Apesar de condenar estes actos penso que é importante escutar a mensagem que eles transmitem pois é a única maneira de minorarmos o problema ou mesmo resolvê-lo. Na minha opinião a nossa sociedade está "montada" num sistema que exclui sistematicamente as pessoas. Seja na escola, no emprego, num concurso de televisão, seja onde for. A vida é uma constante competição desde o nascimento até à morte. Nesse ponto não podemos dizer que mudámos a nossa Natureza. As competições que enfrentamos são diferentes daquelas que os nossos antepassados enfrentavam mas a essência é a mesma. Apenas moldámos a realidade, não a alterámos.

    E é preciso procurar essa mudança. Não acredito que seja fácil nem rápida mas não devemos desistir. É preciso ir procurando soluções que tornem as competições da vida cada vez mais reduzidas, substituindo-as pela verdadeira prosperidade e não por um consumismo cada vez mais exagerado que não é mais que uma máscara que esconde os verdadeiros problemas dos indivíduos.

    Pondo isto acredito que existe um motivo por detrás dos actos de vandalismo de determinadas pessoas e cuja solução reside numa mudança contínua da nossa sociedade.

    Mas como tu referes existe também o outro lado. Existem aqueles que destroem pelo prazer de destruir. Aqueles que não procuram fazer a caminhada pelos locais indicados mas sim pelos atalhos. Aqueles que não sabendo apreciar o que de bom temos e tendo inveja de quem sabe, preferem estragar para que ninguém tenha acesso a algo que não compreendem. Porque têm medo do desconhecido. E esses, por mais que me custe, tenho de concordar com a tua afirmação. Porque por mais ajuda que procuremos dar existe sempre quem não quer ser ajudado.

    Abraço,
    Daniel.

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  9. concordo inteiramente com as tuas afirmações...

    O meu comentário ao geocrusoe ficou bem colocado???

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  10. Grifo,

    Ficou sim. Só apareceu agora quando aprovei os teus dois comentários mas ficou colocado no sítio correcto :)

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  11. ao Daniel e ao grifo
    Foi um pouco isso e um pouco mais. por exemplo, alguns movimentos juvenis desde a década de 60 autoexcluiram-se e criaram uma cultura própria e por vezes actuam com actos que nós consideramos vandalismo (graffitti por exemplo) onde eles se expressam, mas se a sociedade corrigir-se nalgumas coisas e souber também valorizar esses movimentos, eles podem ser fonte de cultura e de mudação social. É confuso, mas é uma oportunidade para ser analisada por sociólogos e outros grupos afins.
    Concordo que muitos dos programas de inclusão nada mais são do que remendos mal feitos para problemas muito mais complexos.

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  12. Daniel, pf confirma-me se recebeste os meus comentários a este post e ao anterior?

    um abraço
    Paulo

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  13. geocrusoe,

    Tem de haver uma preocupação e uma cedência de "ambos os lados" para se conseguir encontrar uma solução. O caso dos grafitis é um bom exemplo. Podem existir e poderão representar uma forma de arte mas somente em locais adequados para o efeito. Tem de existir uma compreensão de quem os faz e dos "outros" para que se possa valorizar essa forma de arte e cultura e não condená-la ao vandalismo. O mesmo tipo de pensamento tem de ser aplicado nas outras situações para que se possa encontrar a raiz a problema e resolvê-lo a partir daí, invés de se criarem programas para minorar os seus efeitos.

    Abraço,
    Daniel.

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  14. Paulo Lobato,

    Infelizmente não recebi :s não estava aqui nada na caixa para aprovação. Se puderes publica de novo, teria todo o gosto em ler e publicar!

    Abraço,
    Daniel.

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  15. Daniel, já não me recordo exactamente do texto, mas - além da menção à importância deste texto do Grifo - tinha o "Desafio da Autoridade" (pais, polícia, professores,..) como elemento central.

    um abraço

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  16. Paulo Lobato,

    Desculpa não estava cá mesmo nada :( Também podes fazer um texto para eu publicar aqui, tinha todo o gosto! Ou fazer novos desafios ehehe :p

    Abraço,
    Daniel.

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