sábado, 8 de agosto de 2009

Saúde - Catástrofes

Tanto as catástrofes naturais como aquelas que têm origem humana são, na esmagadora maioria das vezes, imprevisíveis e nenhum país tem um sistema completamente seguro e fiável. O inesperado e a multiplicidade de ameaças tornam muito difícil a preparação para este tipo de situações. Mesmo com um vasto conjunto de recursos materiais e humanos, experiência, realização de simulacros, etc. o choque é inevitável.

Por serem situações fora do comum e que felizmente, ocorrem poucas vezes, são frequentemente desvalorizadas e a sua importância é tida em segundo plano. Uma reforma na saúde e uma melhoria global que queira incorporar a palavra saúde em todos os seus sentidos não pode de forma alguma deixar de contemplar esta área.

Em posts anteriores já falei indirectamente deste tema. Uma melhoria em todas as unidades de saúde conseguiria certamente corresponder melhor a este tipo de exigências. A criação de "espaços de catástrofe" é também algo que pode minimizar os efeitos nefastos deste tipo de acontecimentos. O reforço nos meios pré-hospitalares são essenciais e alguns dos investimentos realizados no pré-hospitalar são equipamentos para servir neste tipo de situações.

Contudo penso que outras medidas seriam necessárias, para dentro do possível, preparar o nosso país para este tipo de ocorrências extremamente graves. A formação é algo essencial para que qualquer outra medida tenha sucesso e como tal apoio a multiplicação de acções de formação e simulacros relacionados com diversos tipos de catástrofes e onde participassem todo o tipo de forças e organismos que, numa situação real, estariam envolvidas (GNR, PSP, INEM, Bombeiros, Protecção Civil, pessoal das unidades de saúde, etc.). Outro foco seria a reformulação das forças armadas. Esta reforma teria como objectivo dotar as Forças Armadas portuguesas de mais meios para desempenhar as suas missões humanitárias em detrimento das missões bélicas. Por exemplo, penso que o Exército tem de ter um dispositivo que lhe permita num curto espaço de tempo montar toda uma campanha que seja necessária em situação de catástrofe (tendas para abrigo, distribuição de refeições e outros objectos necessários como por exemplo cobertores, recursos humanos para auxílio nos hospitais de campanha e na busca de sobreviventes, fornecimento de recursos como combustível e energia eléctrica, etc.). É preciso reforçar a cooperação entre forças, dotá-las de uma formação mais ampla e específica e acima de tudo, redireccionar a força do nosso Exército, Marinha e Força Aérea. Estas três forças têm um papel fundamental na estrutura de uma campanha em caso de catástrofe e como tal o investimento a realizar nas Forças Armadas deverá dar prioridade a esta componente humanitária. Também os media deveriam contar com planos e dispositivos para este tipo de situações, permitindo que a sua forte influência na sociedade se faça também sentir quando a população necessita de ajuda. Na componente educacional deveriam existir alterações com vista a formar toda a população para este tipo de situações. As escolas seriam um excelente meio de difusão. Cidadãos informados e preparados são a maior mais-valia que um país pode ter e este tema não foge a essa regra. Actualmente existem pequenos simulacros mas a forma como são realizados (e falo por experiência própria) não completam em nada o nosso conhecimento sobre o assunto. Por último, também o poder empresarial pode e deve ter um forte papel a desempenhar. A cedência de instalações em caso de catástrofe ou a cedência de determinados recursos são uma dessas vertentes (por exemplo a Galp ter um protocolo que lhe permitiria ceder uma % das suas reservas de combustível em caso de necessidade para o dispositivo de campanha).

É impossível prever quando, onde e que tipo de catástrofe vai ocorrer em solo nacional. Como tal a preparação a 100% para tal acontecimento torna-se também impossível. Mas existem sem dúvida medidas que vão permitir minorar o número de vítimas e apesar de ser algo com pouca frequência, a existência de um forte dispositivo em situações de catástrofe é sem dúvida uma melhoria na saúde e qualidade de vida de todos os cidadãos.

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