sexta-feira, 5 de junho de 2009

Energia | Fusão Nuclear

Fez hoje uma semana que foi inaugurado o novo centro de fusão nuclear, sediado na Califórnia (EUA). Apesar da sua construção ter demorado mais 7 anos que o previsto (totalizando 15) e ter custado o triplo do previsto (num total de 2.500.000.000 de euros) a sua inauguração ocorreu num ambiente de grande festa onde participaram cerca de 3500 pessoas, incluindo Arnold Schwarzenegger (Governador da Califórnia) e Steven Chu (Secretário de Estado para a Energia).

A entidade responsável por explorar o projecto é a National Ignition Facility que deverá começar a fazer testes neste novo centro já em 2010 e aperfeiçoar a produção de energia através da fusão nuclear até 2040. Há muito que se debate a fusão nuclear devido ao seu enorme potencial de produção energética sem a emissão de gases poluentes associados. A fusão nuclear consiste em reproduzir os processos químicos existentes nas estrelas e é bastante diferente da energia nuclear actual (fissão nuclear) pois produz quantidades de energia muito superiores e é mais "amiga" do ambiente. Para termos uma ideia do potencial desta fonte energética alguns estudos apontam que um kilómetro cúbico de água seria o suficiente para igualar todas as reservas de petróleo a níve mundial. A fusão nuclear não é uma descoberta recente e já se concretiza a mesma com sucesso. O problema é que se gasta mais energia no processo do que aquela que se consegue retirar, sendo o objectivo desta investigação de 30 anos contrariar esta "tendência" e provar a rentabilidade energética desta fonte de energia renovável e limpa.

Pessoalmente tenho algumas reservas em relação à fusão nuclear e quero esperar por mais avanços neste tipo de tecnologia. Confesso que estou um pouco céptico em relação ao potencial desta fonte de energia. Contudo, a fusão nuclear merece por mérito próprio o "benefício da dúvida", ou seja, sou totalmente a favor da investigação e desenvolvimento. Só assim será possível comprovar se o potencial referido por alguns cientistas corresponde mesmo à realidade. Sou um apologista dos sistemas de micro-geração interligados por redes inteligentes de distribuição mas a "promessa" da fusão nuclear é a de energia infinita e isso é obviamente aliciante para uma sociedade totalmente dependente da energia e cuja necessidade anual tem vindo a aumentar de forma galopante. Com a intermitência do preço do petróleo, com o esgotamento das fontes fósseis energéticas e com a problemática das alterações climáticas, não nos podemos "dar ao luxo" de descurar nenhuma opção nem de retirar qualquer carta do baralho. Da mesma maneira que não devemos deixar de apoiar a investigação da fusão nuclear, também não devemos depositar a totalidade das nossas esperanças nesta fonte de energia. A fusão nuclear é um dos muitos caminhos a seguir onde cada vez mais formas inovadoras de produção de energia vão surgir e submeter-se ao teste da Humanidade, estando à partida condenadas ao sucesso ou ao fracasso mas onde a única forma de saber a resposta é através da investigação.

4 comentários:

  1. O aumento da necessidade de energia é algo que verdadeiramente nos define enquanto espécie, desde sempre.
    As potenciais promessas da fusão nuclear são demasiado sedutoras para que não sejam investigadas.
    Eólicas e solares já mostraram não ter a capacidade de nos resolver os problemas energéticos. O nuclear terá sempre de ser a solução.
    Agora, de acordo, tentemos esperar os 10 ou 20 anos de investigação que faltam até que existam sistemas de geração seguros e fiáveis.

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  2. Tiago,

    Acredito que mesmo com a eficiência energética o consumo total global aumente ano após ano. Porque enquanto nós (países desenvolvidos) podemos diminuir a quantidade de energia necessária, existem milhões de pessoas que ainda não têm acesso à mesma, "compensando" aquilo que poupamos com os seus gastos. Em relação à eólica e à solar, eu sou um apologista dos sistemas de micro-geração e aí acredito que teríamos potencial para satisfazer 100% das nossas necessidades. Não obstante, devemos procurar desenvolver a fusão nuclear e comprovar se realmente é o "milagre" que alguns cientistas acreditam ser. Dentro de 10-15 anos já deverão arrancar alguns projectos-piloto e aí vai ser interessante analisar os desempenhos.

    Cumprimentos,
    Daniel.

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  3. Caro Daniel,

    «Dentro de 10-15 anos já deverão arrancar alguns projectos-piloto e aí vai ser interessante analisar os desempenhos.»

    Na realidade, espera-se que o primeiro protótipo de geração seja construído em 2017. A ligação à rede começará lá para 2030 e a ligação industrial efectiva cerca de 2040. Eu queria que fosse mais cedo mas, infelizmente, estas coisas são bastante complicadas... Isto para a fusão nuclear por confinamento magnético.

    Quando à fusão nuclear por confinamento inercial, há que lembrar que para além do NIF existe também um projecto europeu, o HiPER. Esse projecto pretende atingir a fusão em 2012, mas isso é só o princípio...

    Eu apostava mais no ITER!

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  4. Francisco,

    O seu comentário levou-me a pesquisar já que não sou um entendido em energia nuclear :) O ITER pareceu-me realmente bastante promissor, devido à cooperação internacional que envolve e à rapidez com que se vão processar os desenvolvimentos, após ter sido feita a escolha do local onde será construída a central.

    A necessidade crescente de substituir o petróleo e de se produzir cada vez mais energia deverá levar a uma aposta cada vez mais forte nesta tecnologia, tendo como consequência uma maior evolução num menor espaço de tempo. Contudo, alerta-me e bem, que este tipo de investigação leva o seu tempo até porque é algo pioneiro e inovador. Não se trata de "melhorar" mas sim de "inventar".

    É difícil conter o entusiasmo quando se fala de fusão nuclear. Energia infinita, segura, barata, sem produzir lixo radioactivo nem gases poluentes. Estou realmente ansioso por ver desenvolvimentos neste campo.

    Obrigado pelas siglas, aprendi bastante ao pesquisar sobre elas e o meu gosto por esta tecnologia aumentou, bem como a esperança de ver resultados num futuro relativamente próximo :)

    Abraço,
    Daniel.

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