Este post do Carlos Santos levou-me a reflectir sobre a relação que existe entre as tecnologias ligadas ao ambiente e o seu potencial como instrumentos de combate à pobreza, melhoria da qualidade de vida e inclusão social. Todos nós conhecemos os benefícios que as energias renováveis nos oferecem em matéria de ambiente. O mesmo para tecnologias como a captação de água, carro eléctrico, construção sustentável, etc. Contudo é comum esquecermo-nos dos benefícios sociais das tecnologias "verdes", sobretudo o seu potencial para melhorar a qualidade de vida das camadas sociais com menos recursos. Para além do imperativo ambiental e económico, sem dúvida que encontramos aqui outro forte motivo para investir nesta área, investindo assim num futuro mais justo socialmente.
Programas que ofereçam ou possibilitem a aquisição de painéis solares térmicos e fotovoltaicos a pessoas com menores recursos económicos (e que sem auxilio do governo central ou local não teriam dinheiro para o investimento inicial) levam a uma redução ou anulação da factura do gás e da electricidade. Ora, visto as despesas diminuírem existe efectivamente um maior rendimento disponível mensalmente. Seja este dinheiro extra investido em alimentação, vestuário, educação, etc. e estamos a contribuir para um futuro melhor para essas pessoas. Estamos a contribuir para a sua inclusão social, fomentando assim também a competitividade do país. Um programa deste género poderá substituir ou complementar instrumentos como o microcrédito e sem dúvida será bem mais proveitoso para todas as partes que a atribuição de um subsídio por si só.
Tecnologias de captação de água em conjunto com energias renováveis são capazes de fornecer água e electricidade a populações pobres sem acesso a estas duas necessidades básicas. Permitem também que se inicie a produção de alimentos (através da agricultura e pecuária), lançando assim as "bases" para que essa população evolua positivamente e se vá afastando degrau a degrau do mundo da pobreza e da miséria. Permitiria aos países desenvolvidos que forneceriam gratuitamente as tecnologias ou a um custo baixo (com pagamentos por exemplo quando a agricultura e pecuária já estivessem num elevado nível de maturação) desenvolver as suas indústrias ligadas ao ambiente, protegendo assim milhões de postos de trabalho e promovendo a sua expansão e investigação. As necessidades iniciais daquelas populações iriam gerar emprego para os países desenvolvidos. Com benefícios para ambas as partes, poderia nascer assim uma relação saudável que estimulava a economia dos países desenvolvidos enquanto libertava das malhas da pobreza os países em desenvolvimento.
Programas que incentivem a compra de carros eléctricos, tornando-os economicamente "apetecíveis" poderiam ter efeitos muito positivos na nossa sociedade. Imagine-se programas que apoiem a compra de veículos eléctricos para organizações sem fins lucrativos. Com a poupança verificada no combustível, essas organizações teriam mais dinheiro para desenvolver a sua missão. Ao fomentarmos a compra de carros eléctricos estaríamos a contribuir para a defesa dos direitos humanos, direitos dos animais, protecção de sem-abrigo, protecção a desempregados, protecção de menores, prática de desporto e hábitos saudáveis, apoio à terceira idade, combate à pobreza e exclusão social, protecção do ambiente e tudo aquilo que qualquer associação ou organização desenvolva.
No fundo estaríamos a contribuir para um mundo melhor. Este post pretende provar que com vontade e um pouco de imaginação é possível aliar as energias renováveis a uma perspectiva social ampla e justa. Penso que este tipo de exemplos seria o suficiente para apostar nestas tecnologias mas existe também o imperativo económico e ambiental. As tecnologias "verdes" estão provadas como sendo um motor ambiental e económico mas o seu papel social é de enorme importância e a sua influência poderá no futuro ser comprada a outros instrumentos inovadores fruto da vontade de fazer a diferença e de deixarmos o mundo um pouco melhor do que como o encontrámos.
domingo, 2 de agosto de 2009
Energias Renováveis | Combate à pobreza
Etiquetas:
ambiente,
economia,
pobreza,
sociedade,
solidariedade
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Sou a favor, por princípio de sustentatibilidade da espécie neste planeta, das tecnologia verdes e opção pelas energias renováveis. Mas este post (não li o de Carlos Santos) só vê metade do processo em si.
ResponderEliminarÉ verdade que a obtenção da energia a partir do sol, vento ou água por equipamentos de dimensão doméstica ou local pode, no futuro cortar na factura da etectricidade ou da água, mas o investimento que os pobres teriam de pôr inicialmente para esse benefício a longo prazo é impossível para muitos no sistema económico em que vivemos. Aliás, a maioria dos beneficiários dessas reduções de despesas hoje, fora dos países ricos, muitas vezes nem tem água canalizada ou electricidade. Por isso, esse discurso esconde que há beneficiários não têm condições de acesso logo do início.
Mais, o mesmo sistema esconde que o generalizar-se essas tecnologias, embora se crie um mercado com empregos, tal se faz à custa da substituição de outro mercado e indústria (que se quer acabar: o dos combustíveis fósseis) o que gera desemprego e desinvestimento neste lado, pelo que os benefícios económicos de uns coincidem com a falência de outros e o balanço reduz-se.
Tudo isto para dizer que me preocupa muito o discurso economicista sobre o ambiente como panaceia de muitos males, pois por norma esconde as vítimas do sistema, mesmo quando falam de coisas belas à primeira vista e de solidariedade.
É esse discurso, que cria dificuldades a quem trabalha no ambiente como eu, pois todos os dias somos atacados pelas vítimas ou pelos interesseiros na manutenção do actual sistema, em vez de haver uma discussão clara e aberta das vantagens e desvantagens que permitam decisões equilibradas e o mais justas possíveis.
Sei que não era a tua ideia, mas é um dilema que eu tenho
Cada dia me ssurpreendes mais.. pela qualidade dos teus comentarios, mas também pelo teu interesse! acho que tens razão.. e tanto pela vertente ambiental como pela vertente económica penso que o caminho a seguir pelo país e pela nossa geração tem que passar necessáriamente pelas energias renováveis..
ResponderEliminargeocrusoe,
ResponderEliminarConcordo perfeitamente com a parte inicial do teu comentário. Por concordar que os pobres não têm acesso a este tipo de tecnologias é que disse 3 exemplos de como o estado poderia intervir em seu favor. As energias renováveis e outras tecnologias do ambiente oferecem muitas vantagens aos seus utilizadores mas o investimento inicial é elevado. É necessário encontrar mecanismos que "contornem" esse investimento, fazendo com que populações tenham acesso à electricidade e água, através destes sistemas domésticos.
Em relação à economia, tenho de concordar que existem sem dúvida desvantagens. E por isso também apoio aquela tese famosa do Al Gore de que os mineiros de carvão deveriam ser os primeiros a beneficiar do "milagre" económico que as energias verdes podem proporcionar, sendo recolocados neste tipo de empregos. Apesar destas desvantagens, penso que fazendo o balanço global a transição para uma economia verde é benéfica do ponto de vista económico. Os empregos tendem a exigir uma maior qualificação, logo a serem melhor remunerados, além de exigirem uma força de trabalho maior e mais diversificada (evitando-se casos em que uma elevada percentagem de determinada região encontra-se empregada numa mina por exemplo). A economia verde pode ainda ressuscitar sectores moribundos como o automóvel levando-o a novos anos "dourados" bem como aumentar o emprego que exija elevadas qualificações dado que é necessário muito I&D no sector ambiental.
Abraço,
Daniel.
Gil,
ResponderEliminarObrigado por passares aqui :) Portugal felizmente tem estado a apostar muito nas energias renováveis. O principal defeito que aponto é ainda a fraca importância da energia solar, enquanto que a eólica e hídrica estão já massificadas. Pelas horas de sol de que dispomos e pela facilidade na instalação destes sistemas, o solar oferece excelentes garantias para o uso doméstico.
Abraço,
Daniel.
Excelente texto, que mostra como os jovens são a esperança no futuro. Mais ainda tendo sido elaborado por alguém com apenas 18 anos.
ResponderEliminarValeu a pena fazer aqui uma visita a este Pensamento Alinhado.
Parabéns.
Manuela Araújo,
ResponderEliminarMuito obrigado pelo comentário, especialmente porque deriva de alguém que se dedica à temática da defesa do meio ambiente e da biodiversidade :)
Esteja sempre à vontade para visitar, comentar, debater, trocar ideias e propor temas!
Cumprimentos,
Daniel.