O investimento mais "rentável" para qualquer Estado é no capital humano. Um país necessita de qualificações para progredir e alcançar o desenvolvimento económico e social. Empregos qualificados e especializados geram indústrias de ponta, investigação e desenvolvimento de qualidade bem como melhores condições de trabalho para os trabalhadores. São o "motor" económico de um país mas também um motor para melhorias das condições de vida.
Na base da especialização e da elevada qualificação está o ensino superior. Só com um ensino superior de qualidade e acessível a todos é que poderemos criar uma sociedade apta para enfrentar novos desafios e receber indústrias que exigam o máximo das nossas capacidades intelectuais. Pessoalmente creio que a maioria das nossas universidades tem uma qualidade algo elevada (pelo menos no sistema público) e é de louvar o número de portugueses que se destacam em praticamente todas as áreas. É urgente multiplicar investimentos no sentido de aumentar o número de oportunidades e de ofertas de emprego para pessoas com cursos superiores. Contudo, além da aposta na criação de oportunidades de emprego, é preciso também tornar o ensino superior completamente acessível. Só "atacando" as várias frentes do problema é que conseguiremos, gradualmente, substituir a nossa força de trabalho baseada na mão-de-obra barata e sediada em indústrias com fracas perspectivas de futuro por uma mão-de-obra extremamente qualificada e capaz de realizar tarefas que poucos conseguem. Esta é no meu entender o tipo de competitividade pela qual Portugal pode e deve lutar.
O ensino superior deve ser encarado assim como um investimento para o futuro e não como uma "despesa". A contrapartida para o facto de os contribuintes deverem sustentar este investimento é o de que este será útil e proveitoso para todos nós. É a "justificação" para devermos gastar cada vez mais e melhor neste campo. Proveitoso no sentido de formarmos pessoas que terão empregos bem remunerados em áreas que criam bastante riqueza para o país, aumentando as exportações e reforçando a competitividade do país. Mas o investimento deve, na minha opinião, mostrar os seus frutos desde o 1º ano de faculdade. E como mostrar esses frutos?
Através de um sistema de aulas práticas/estágios em que os alunos universitários realizavam desde o primeiro ano de faculdade uma espécie de "serviço comunitário". Estes "estágios" seriam extremamente positivos para o aluno pois no final do curso teria já bastantes experiências extra-curriculares e para a comunidade que seria "servida" de forma gratuita. Estas aulas ou estágios poderiam por exemplo funcionar numa base semanal ou quinzenal (imagine-se por exemplo uma carga horária de 2-3 horas por quinzena).
Dou agora o meu exemplo pessoal imaginando que este sistema estava em vigor. Estou no primeiro ano do curso de Direito. É óbvio que pouco sei comparado com os conhecimentos que tenho de ter para ser um verdadeiro jurista. Mas posso realizar tarefas úteis que exijam poucos conhecimentos específicos e que estejam algo relacionados com a minha área académica. Podia por exemplo redigir actas ou fazer um pouco do trabalho burocrático relacionado com os tribunais e com a justiça em geral. Estava a fazer algo relacionado com o meu curso, estava a adquirir experiência e estava a ser "útil" à sociedade. Um voluntariado relacionado com o curso que era digamos uma espécie de "agradecimento" pelo investimento feito em mim. A exigência de conhecimentos iria aumentando semestre após semestre à medida que os estágios ficavam cada vez mais complexos.
Penso que a adopção deste sistema tornaria possível por exemplo a eliminação de propinas tornando o ensino superior mais acessível à generalidade da população produzindo mais e melhores diplomados. Um investimento no futuro do país que mostrava os seus benefícios desde o primeiro minuto!
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Um novo ensino superior
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Um dos grandes factores que leva um pais a levantar-se numa crise é a mão de obra altamente especializada.
ResponderEliminarGrifo,
ResponderEliminarA aposta na especialização é mais urgente agora num período em que é preciso relançar a economia. Mas além do benefício no curto prazo este é o melhor investimento se olharmos para o longo prazo pois garante, por exemplo, uma maior "resistência" a futuras crises e uma competitivdade bem maior para o nosso país.
Abraço,
Daniel