Ainda com o desânimo de Copenhaga presente acho que é importante reflectir sobre a evolução e o futuro das energias renováveis. É do conhecimento geral que o actual modelo de desenvolvimento é insustentável. Não só pelos efeitos nocivos que os combustíveis fósseis representam para o meio ambiente e para a saúde pública mas também por factores como a instabilidade de preços, a segurança energética e o facto de serem recursos finitos. É preciso uma alteração na forma como produzimos e consumimos energia. Uma alteração que é capaz de gerar riqueza, criar milhares de empregos qualificados, aumentar as exportações e diminuir as importações, entre outros benefícios sociais e económicos. Esta alteração é conseguida através de um "mix" de energias renováveis. É para a evolução desse mix que vamos olhar.
A energia eólica terrestre (in-shore) está num estado muito avançado de maturação daí ser aquela que a nível mundial mais se tem expandido e aquela cujo investimento é maior. Portugal não é excepção. A eólica marítima (off-shore) também tem os seus equipamentos bem desenvolvidos contudo tem-se deparado com alguns problemas na fixação dos mesmos devido à irregularidade da plataforma marítima. Estes problemas de engenharia estão no bom caminho para serem resolvidos e penso que um modelo comercial a nível mundial estará disponível num futuro bastante próximo. Com uma saturação cada vez maior da capacidade terrestre as empresas que investem no vento sem dúvida irão centrar as suas atenções para o mar até porque esse ambiente permite a edificação de turbinas maiores que produzem mais energia.
A energia solar tem vindo a conhecer desenvolvidos significativos apesar de ainda não se ter dado um "boom" mundial como aconteceu com a energia eólica. Multiplicam-se os projectos de grandes centrais solares térmicas e fotovoltaicas mas a microgeração (que na minha opinião é a grande força do solar) avança a um ritmo relativamente tímido. Investigadores por todo o mundo estão a aumentar a eficiência dos paineis tornando a energia solar mais rentável a cada ano que passa. Contudo penso que é o fabrico de paineis com materiais mais acessíveis economicamente que permitirá a tal explosão que o solar necessita. Esses paineis de "nova geração" estão em fase de desenvolvimento e, na minha opinião, serão essenciais para os países concretizarem as suas ambições de redução de CO2.
A energia das ondas e dos oceanos são dois projectos ainda numa fase "inicial" do ponto de vista de exploração comercial generalizada mas apesar de poderem demorar algum tempo a atingir a escala necessária não deixam de ser extremamente prometedores. Existe um projecto na Florida que pretende aproveitar a força das correntes marítimas para gerar energia eléctrica suficiente para suprir 1/3 das necessidades daquele estado. Pelo elevado potencial que estas tecnologias comportam devem-se centrar investimentos na investigação das mesmas. Penso que serão duas fontes de energia fundamentais no médio e longo prazo.
Os biocombustíveis são, a par com a nuclear, a fonte de energia "limpa" mais contestada. Tal deriva maioritariamente do facto de esta fonte de energia utilizar os mesmos solos que poderiam ser utilizados para produzir alimentos ou para manter intactas as florestas virgens que esta indústria destroi devido à sua grande necessidade de "espaço". Este problema pode a vir a ser resolvido com os biocombustíveis de "segunda geração". Estes novos biocombustíveis são conseguidos a partir de desperdícios domésticos, indústriais ou agrícolas ou de plantas (como por exemplo algas) que requerem pouco solo e que não substituem o alimento humano. Uma alternativa que poderá vir a ser extremamente útil especialmente para meios de transporte como o aéreo onde não existem por enquanto outras soluções viáveis.
Em suma penso que nos últimos anos têm existido avanços significativos em praticamente todos os tipos de energias renováveis e que deveremos apostar continuamente no melhoramento da eficiência de cada uma delas. Não devemos esperar que determinados desenvolvimentos surjam para começar a agir mas sem dúvida que existem tecnologias com o potencial de tornar bem mais fácil e rápida a tarefa de chegar à produção energética a 100% a partir de fontes renováveis.
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A energia da biomassa que é produzida através de plantações é imoral...
ResponderEliminarVamos para Africa e dizemos:
-Não tens comida?
E eles:
-Aqui morremos ás centenas de fome
E nós:
-Os nossos carros funcionam a comida.
-_-'
Tinha a impressão de que a energia da biomassa não era limpa, visto que os seres vivos são constituídos por carbono, que reage com o oxigénio, formando CO2... :S Talvez estou errado...
Grifo,
ResponderEliminarEu também sou contra os biocombustíveis que agravam a crise alimentar bem como o desmatamento de florestas virgens (que são autênticos sumidouros de carbono e cujo desaparecimento é responsável por cerca de 20% das emissões globais)para criar zonas de cultivo para biocombustíveis.
Estes biocombustíveis de nova geração vão permitir a utilização de outras matérias-primas. E o seu impacto ambiental é positivo pelo CO2 que consomem. É como a indústria da cortiça. A exploração da cortiça produz CO2 mas os sobreiros absorvem esse mesmo CO2 tornando-a numa extracção ambientalmente responsável. A plantação de algas absorve grandes quantidades de CO2 no processo pelo que torna o saldo positivo entendes?
O aproveitamento de desperdícios agrícolas evita a contaminação dos solos e das águas bem como a libertação de metano, um gás bem mais nocivo que o dióxido de carbono. Tenho de recolher mais informação sobre o tema mas penso ser esta a "lógica" dos biocombustíveis de segunda geração.
Abraço,
Daniel
Nessas contas estão toda a maquinaria e transporte de combustível? :S ena pá... É absorvido mesmo muito carbono. Claro que nunca vai compensar se formos destruir floresta.
ResponderEliminarA limpeza da florestas em Portugal poderia tornar-se rentável... Diminuía-se os fogos e a dependência de petróleo...
Grifo,
ResponderEliminarParar com a desflorestação é das medidas mais rápidas e eficazes que podemos tomar neste momento para diminuir o aquecimento global. A reflorestação é urgente agora para podermos colher benefícios a longo prazo quando as reduções de CO2 forem mais difíceis de atingir.
Penso que a limpeza das matas e respectivo aproveitamento desses desperdícios florestais funcionaria muito bem a nível municipal ou regional onde teríamos uma rede descentralizada de centrais a biomassa. As limpezas poderiam funcionar com vários elementos como funcionários das câmaras municipais, exército, voluntários e penas de trabalho comunitário. Penso que este conjunto seria capaz de dar uma resposta adequada e poupar-nos ao "inferno" que vivemos todos os verões.
Abraço,
Daniel