quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010 para todos

Umas excelentes entradas e um ano recheado de felicidade são os desejos do Pensamento Alinhado

O futuro das energias renováveis

Ainda com o desânimo de Copenhaga presente acho que é importante reflectir sobre a evolução e o futuro das energias renováveis. É do conhecimento geral que o actual modelo de desenvolvimento é insustentável. Não só pelos efeitos nocivos que os combustíveis fósseis representam para o meio ambiente e para a saúde pública mas também por factores como a instabilidade de preços, a segurança energética e o facto de serem recursos finitos. É preciso uma alteração na forma como produzimos e consumimos energia. Uma alteração que é capaz de gerar riqueza, criar milhares de empregos qualificados, aumentar as exportações e diminuir as importações, entre outros benefícios sociais e económicos. Esta alteração é conseguida através de um "mix" de energias renováveis. É para a evolução desse mix que vamos olhar.

A energia eólica terrestre (in-shore) está num estado muito avançado de maturação daí ser aquela que a nível mundial mais se tem expandido e aquela cujo investimento é maior. Portugal não é excepção. A eólica marítima (off-shore) também tem os seus equipamentos bem desenvolvidos contudo tem-se deparado com alguns problemas na fixação dos mesmos devido à irregularidade da plataforma marítima. Estes problemas de engenharia estão no bom caminho para serem resolvidos e penso que um modelo comercial a nível mundial estará disponível num futuro bastante próximo. Com uma saturação cada vez maior da capacidade terrestre as empresas que investem no vento sem dúvida irão centrar as suas atenções para o mar até porque esse ambiente permite a edificação de turbinas maiores que produzem mais energia.

A energia solar tem vindo a conhecer desenvolvidos significativos apesar de ainda não se ter dado um "boom" mundial como aconteceu com a energia eólica. Multiplicam-se os projectos de grandes centrais solares térmicas e fotovoltaicas mas a microgeração (que na minha opinião é a grande força do solar) avança a um ritmo relativamente tímido. Investigadores por todo o mundo estão a aumentar a eficiência dos paineis tornando a energia solar mais rentável a cada ano que passa. Contudo penso que é o fabrico de paineis com materiais mais acessíveis economicamente que permitirá a tal explosão que o solar necessita. Esses paineis de "nova geração" estão em fase de desenvolvimento e, na minha opinião, serão essenciais para os países concretizarem as suas ambições de redução de CO2.

A energia das ondas e dos oceanos são dois projectos ainda numa fase "inicial" do ponto de vista de exploração comercial generalizada mas apesar de poderem demorar algum tempo a atingir a escala necessária não deixam de ser extremamente prometedores. Existe um projecto na Florida que pretende aproveitar a força das correntes marítimas para gerar energia eléctrica suficiente para suprir 1/3 das necessidades daquele estado. Pelo elevado potencial que estas tecnologias comportam devem-se centrar investimentos na investigação das mesmas. Penso que serão duas fontes de energia fundamentais no médio e longo prazo.

Os biocombustíveis são, a par com a nuclear, a fonte de energia "limpa" mais contestada. Tal deriva maioritariamente do facto de esta fonte de energia utilizar os mesmos solos que poderiam ser utilizados para produzir alimentos ou para manter intactas as florestas virgens que esta indústria destroi devido à sua grande necessidade de "espaço". Este problema pode a vir a ser resolvido com os biocombustíveis de "segunda geração". Estes novos biocombustíveis são conseguidos a partir de desperdícios domésticos, indústriais ou agrícolas ou de plantas (como por exemplo algas) que requerem pouco solo e que não substituem o alimento humano. Uma alternativa que poderá vir a ser extremamente útil especialmente para meios de transporte como o aéreo onde não existem por enquanto outras soluções viáveis.

Em suma penso que nos últimos anos têm existido avanços significativos em praticamente todos os tipos de energias renováveis e que deveremos apostar continuamente no melhoramento da eficiência de cada uma delas. Não devemos esperar que determinados desenvolvimentos surjam para começar a agir mas sem dúvida que existem tecnologias com o potencial de tornar bem mais fácil e rápida a tarefa de chegar à produção energética a 100% a partir de fontes renováveis.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O mundo com Obama

Passou quase um ano desde que Barack Obama tomou posse como o primeiro presidente afro-americano dos EUA. A magia da sua eleição cobriu o mundo inteiro e encheu de esperanças todos os povos. Ele, Obama, não ia só resolver todos os problemas do seu país como os do mundo inteiro. Foi nessa esperança que assentou a sua candidatura e foi essa esperança que lhe deu uma vitória altamente improvável. Passado praticamente um ano será que o mundo mudou assim tanto como a sua eleição deixava antever?

Na minha opinião sim. O mundo não mudou tanto quanto eu gostaria e nem todas as mudanças ocorridas são positivas. Mas penso que a eleição de Obama trouxe um novo fôlego para os EUA e para o mundo tendo a sua administração desenvolvido esforços em praticamente todas as frentes de batalha em que se encontra (e não são poucas) produzindo já alguns resultados concretos.

No plano interno Obama fez algo absolutamente crucial e fê-lo em tempo recorde. Aprovar o seu plano de estímulos. Apesar dos cortes efectuados para que a peça legislativa fosse aprovada pelas duas Câmaras do Senado este plano de estímulos económicos é fundamental para que a maior economia do mundo saia da profunda recessão em que se encontra. Permite criar empregos, salvar empresas em risco, investir em novas infra-estruturas essenciais para o bem-estar da população e investir no futuro da América (por exemplo o denominado "Green New Deal"). As novas regras de regulamentação financeira são ferramentas importantes para prevenir uma nova crise desta magnitude. Outra grande vitória, especialmente se considerarmos o tipo de economia em que os EUA assentam bem como o seu pensamento dominante nesta temática. Os trabalhos realizados para o encerramento da base de Guantanamo, um dos estandartes da campanha de Obama. Uma vitória na política doméstica mas também um passo essencial para sarar a imagem dos EUA no mundo. De destacar também os esforços em matéria ambiental onde a administração de Obama se tem batido fortemente por fazer aprovar legislação doméstica em matéria de alterações climáticas. Por último, a mais recente vitória com a aprovação do "sistema de saúde" que se encontra agora a um fio de ser oficializado. Caso seja aprovado este diploma vai permitir a 30 milhões de americanos que não dispõem de seguro de saúde ter uma protecção.

No plano externo além da situação de Guantanamo referida anteriormente (onde me orgulho de Portugal ter feito parte da solução) o capital político de Obama está bem vincado na nova ordem internacional. A forma como tem conseguido gerir a sua relação de interdependência com a China (G2) gerando benefícios mútuos é notável. O avanço das relações diplomáticas com as potências emergentes como a Índia e o Brasil são também de extrema importância, especialmente no longo prazo onde estas nações terão um papel fundamental na construção do futuro global. Um exemplo deste poder negocial é a Cimeira de Copenhaga. Pessoalmente fiquei extremamente desiludido com o resultado final da cimeira mas tenho de reconhecer que se não fosse o envolvimento pessoal de Obama na recta final da mesma, o retrocesso teria sido bastante maior. E nem aquele pequeno acordo não vinculativo que une pela primeira vez os maiores poluidores com os futuros maiores poluidores teria sido possível.

O mundo não mudou tanto quanto eu gostaria. Obama não conseguiu aprovar os diplomas da forma que eu gostaria. Obama não conseguiu acordos globais como eu gostaria. Mas conseguiu caminhar na direcção certa. E conseguiu fazer algo pela América quando os projectos de lei têm de passar por 3 fases antes de ser aprovados. E conseguiu fazer algo pelo mundo quando a "moral" dos EUA está em níveis mínimos e quando o seu poderio económico e militar é cada vez mais reduzido no contexto mundial. Quando olho para trás vejo que o mundo já começou a mudar e talvez um dia tenha mudado tanto quanto eu gostaria.

Yes We Can!

Livros - 4


"O Regresso da Economia da Depressão e a Crise Actual" é um livro de Paul Krugman (galardoado com o prémio Nobel da Economia em 2008) que reeadita a obra escrita por este mesmo autor em 1999. A sua edição cabe à Editorial Presença.

Nesta excelente obra Krugman analisa crises económicas anteriores à actual que ocorreram na Ásia e na América Latina alertando para o perigo das economias Ocidentais puderem vir a sofrer as mesmas consequências. Com o resultado que todos nós conhecemos, Krugman acrescenta nesta reedição os seus comentários e opiniões relativos à crise financeira e económica global bem como aquilo que, segundo a sua opinião, deve ser feito no sentido de resgatarmos a economia mundial.

Esta "hecatombe" mundial chegou a ser comparada à Grande Depressão. Muitos bancos e empresas faliram, os Estados gastaram biliões de dólares a tentar reanimar as suas economias e no entanto o desemprego e os encerramentos continuaram galopantes, não mostrando sinais de abrandamento ou misericórdia perante as ínumeras tentativas de contenção. É provavelmente a maior crise económica a que qualquer de nós já assistiu e para nosso bem, esperemos que seja a maior das nossas vidas. Todos nós sentimos os efeitos devastadores da mesma e só agora nos começamos a aperceber dos verdadeiros estragos que foram feitos e os seus reais prejuízos. Como nos iremos levantar? E será que o vamos conseguir? Krugman dá-nos umas pistas.

Apesar de ser um livro escrito por um Nobel da Economia a sua leitura é extremamente simples e adequada a qualquer pessoa que se interesse por este fenómeno gigantesco que muito tem condicionado as nossas vidas e que continuará a fazê-lo por vários anos. Aprendi bastante com este livro pois permitiu-me sintetizar toda a informação sobre este tema e levar-me a reflectir. O que é afinal esta "crise" que se entranhou no nosso dia-a-dia e que veio para ficar?

De volta!

Após uma longa ausência, o Pensamento Alinhado renasce das cinzas e está de volta! Peço desculpa por ter partido sem deixar justificação. A vida dá muitas voltas e o tempo vai sendo cada vez menos. A vontade, essa, está sempre bem viva!